Garimpo X saúde dos povos indígenas

Como começou

Desde o século 16, como resultado da chegada dos primeiros não indígenas em solo dos povos originários, epidemias assolaram as populações indígenas. Consequentemente gerando uma série de problemas e prejuízos sociais, demográficos, econômicos e políticos. Gripe, sarampo, H1N1 e, a mais recente, Covid-19 são epidemias e crises sanitárias que não apenas impactaram povos indígenas estruturalmente, mas dizimaram aldeias e etnias.

Por outro lado, apesar de existirem leis e normas que asseguram um atendimento específico para os povos indígenas, nem sempre esses parâmetros legais são aplicados. A consequência são problemas como alto índice de mortalidade infantil, graves epidemias e falta de saneamento básico. Ou seja, de forma geral, negligência do poder público em relação ao direito indígena à saúde integral.

A presença de garimpos ilegais de ouro é uma questão social e ambiental grave, com proporções alarmantes na Amazônia. Um levantamento da HAY (Hutukara Associação Yanomami), feito em parceria com o ISA (Instituto Socioambiental). Mostrou que o problema cresceu 54% apenas em 2022 na TI Yanomami, devastando 5.053 hectares no território. A atividade está fortemente ligada ao aumento no desmatamento, à contaminação das águas e peixes por mercúrio, à sedimentação de rios, à grilagem de terras e ao crescimento da violência local.

Como o governo se posiciona

Os impactos na natureza e na saúde humana são seríssimos. Estudos conduzidos pelo WWF-Brasil e parceiros, como a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e o Iepé (Instituto de Pesquisa e Formação Indígena), mostram que, além de trazer prejuízos para os povos indígenas e populações tradicionais, o mercúrio usado na extração de ouro também pode afetar qualquer cidadão da Amazônia. Os peixes mais consumidos no Amapá, por exemplo, são também os mais contaminados pelo metal tóxico. E 75,6% dos moradores de áreas urbanas e ribeirinhas do Baixo Tapajós têm taxas mais altas de mercúrio no sangue do que o limite de segurança estabelecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Em setembro de 2024, o Governo Federal completou 2.048 operações na Terra Indígena Yanomami (TIY), focadas no combate ao garimpo ilegal. Desde o início dessas ações, em março de 2024, houve uma queda expressiva de 96% na abertura de novos garimpos, em comparação aos números de 2022. Os dados mostram uma redução contínua na abertura de garimpos ao longo de 2024. Em março, foram detectados 13 hectares de novas áreas de garimpo, em comparação com os 107 hectares de março de 2022. Já em julho, o número caiu de 186 hectares em 2022 para apenas 2 hectares em 2024. Durante o V Fórum de Lideranças Yanomami e Ye’kwana, realizado em setembro deste ano na comunidade de Auaris, autoridades ressaltaram a importância da parceria entre o governo e as lideranças indígenas para o contínuo progresso.

A Câmara dos Deputados aprovou no dia 08/07/2024, a Medida Provisória 1209/24, que concede crédito extraordinário de R$ 1 bilhão para diversos ministérios em ações relacionadas à proteção do povo indígena Yanomami e ao combate ao garimpo ilegal em seu território.

Distribuição das verbas

Portanto, segundo o governo, a iniciativa teve por objetivo dar cumprimento a decisão monocrática do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso na qual determinou ao Poder Executivo a abertura de crédito extraordinário se houvesse falta de recursos orçamentários para cumprir decisão anterior de socorro a esses indígenas, tudo no âmbito de uma ação de descumprimento de preceito fundamental (ADPF).

Em conclusão, o total de recursos, R$ 309,8 milhões são destinados à participação das Forças Armadas com o uso do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e R$ 60,18 milhões para a Força Nacional, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal na área. Esse montante soma 37% do total liberado.

Funai
Outros R$ 210 milhões ficarão com o Ministério dos Povos Indígenas para a gestão de políticas para os povos indígenas.

Para a Funai, a MP destina R$ 182 milhões para a atividade de regularização fundiária, proteção e gestão dos territórios indígenas, além de mais R$ 60 milhões para a atividade de direitos pluriétnicos e culturais dos povos indígenas. Esse montante soma 45,2% do total liberado.

Meio Ambiente
O Ministério do Meio Ambiente terá R$ 107,6 milhões (10,76% do total previsto) para ações de fiscalização em terras indígenas. Além disso, garantir a gestão de unidades de conservação em terras indígenas. A cargo do Ibama ou do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Back To Top